terça-feira, 29 de abril de 2008

Natureza cenográfica

As imagens têm um poder fascinante. E portam nas entrelinhas muita história, muita informação, muita coisa "não-dita". E nem precisa.
Em análise do discurso (AD) essas entrelinhas são chamadas de interdiscurso. As variantes de uma mesma sentença, no todo significativo, são as polissemias. Quanto se diz com uma mesma sentença? Muito, isso é certo. E nem sempre o próprio autor é capaz de perceber que disse mais que aquilo que planejou: esse é o esquecimento, mais um recurso da análise de discurso.
Nas imagens animadas (os vídeos principalmente), muito se pode usar dessa linguagem interdiscursiva e polissêmica. O resultado é bastante interessante.
No link abaixo se pode ver um clipe interpretado por christina Aguilera, Fighter, que usa muito dos recursos de interdiscurso nas cenas... e que dizer da polissemia! Vou relatar de forma simples e não exaustiva, mas veja o clipe e se aprofunde na análise. Há muito de bom, em linhas gerais, em se intencionar, como vou chamar, aquilo que abertamente não é convencionado se dizer.
Na abertura uma mariposa. Não vou entrar em questões de gêneros e descrições, pois isso não nos convém nesse momento. Contudo, as mariposas são seres muito frágeis, fáceis de capturar e muito utilizados como artigos de colecionadores. Melhores são aqueles indivíduos que não estão machucados, com ausência de pernas ou antenas.
Seu ciclo de vida é retratado no clipe do começo ao fim. Sua fase larval, e a busca incessante de fuga das formigas, que assolam o corpo do animal quando este não está íntegro e indica que o animal não vai sobreviver por muito tempo. Fighter é um substantivo interessante, traduz-se por "lutador". Não é isso que fazem as pessoas que se sentem presas a situações difíceis; pobreza, violência, paixões, trabalho, rotina. A mariposa são esses que sofrem e buscam se libertar. Alguns conseguem: no momento 1min05s a mariposa destrói o vidro que a prende, e pode então fugir. Quantos laços são rompidos nessa hora não estimo ao certo. Mas todo o sentimento de opressão, de sufocamento, de angústia e de passividade se esvaem, e inicia-se uma nova fase, de perda dos grampos, de liberdade e renovação.
Nem tudo é perfeito. No clipe as formigas aparecem se alimentando de partes de organismos (talvez outras mariposas, como as da cena principal). Mas é bom lembrar que as formigas não se alimentam de organismos, como é de se supor quando se vê essas trabalhadoras incansáveis carregando pedaços para dentro do formigueiro. A impressão inicial que se pode ter é de que levam esses pedaços para um distribuição para os indivíduos que formam a colônia, mas isso não se aplica. Na verdade as formigas carregam esses pedaços para alimentar os fungos que crescem associados ao formigueiro, um para cada tipo de formiga, ou seja, existe um fungo diferente para cada ninho, para cada espécie de formiga. E é desses fungos e de seus produtos metabólicos que se alimentam esses insetos.
Observe os alfinetes entomológicos muito bem lembrados pelo autor. Os mesmos alfinetes que prendem o organismo pelo dorso representam o terceiro par de pernas das formigas (muito interessante essa colocação) A prisão se dá em vida. O indivíduo agoniza por sua impossibilidade, por suas fraquezas, por sua ineficácia frente ao obstáculo. Mas como ele pode ser rompido, e desaparece o obstáculo, também os grampos podem ser retirados, e a vida se faz novamente. A mariposa empupa, o velho se renova e ganha novos ares, nova roupagem, nova vida. Se desprende e vai viver. Vai fazer o mundo mais belo e preenche o vazio.
O texto tem referência no momento de enunciação. Isso fica claro na atemporalidade do texto, expressa na primeira estrofe:

After all you put me through (Depois de tudo que passei)
You´d think I´d despise you (você poderia pensar que eu me desfaço de você)

Perceba que o momento se destaca pela enunciação, pelo momento em que fala o autor. Esse embreante temporal falta, está ausente. Por outro lado temos outro embreante, o de enunciação, marcado pela primeira pessoa (I = eu). O coenunciador é um você que pratica uma ação da qual se reflete todo o enunciado do texto:

How could this man I thought I knew (Como pôde esse homem que eu pensei soubesse)
Turn out to be unjust, so cruel (Deixar de ser injusto, tão cruel)

Em fighter (lutador) temos um ethos estabelecido. Observe que são os embreantes temporais, aliados à não-pessoa do coenunciador que traz a motivação de o enunciador, a pessoa que fala, se tornar um lutador. A seqüência de adjetivos atribuídos ao enunciador por conta do momento da enunciação articulado pelos embreantes temporais, tem origem na cena:

Makes me that much stronger (Faça de mim mais forte)
Makes me work a little bit harder (faça-me trabalhar mais duro)
It makes me that much wiser (Isso me faz sábia)
So thanks for making me a fighter (Obrigada por fazer de mim uma lutadora)
Made me learn a little bit faster (fez-me aprender mais rapidamente)
Made my skin a little bit thicker (fez de minha pele mais grossa)
Makes me that much smarter (faça-me mais esperta)
So thanks for making me a fighter (Obrigada por fazer de mim uma lutadora)

Linda a utilização desse organismo na construção simbólica do desenlace. Da fragilidade à potencialidade. Imagine sua vida dessa mesma forma. Procure as amarras, estilhasse o vidro e liberte-se. Para uma nova vida, isso com certeza.
O vídeo pode ser visto no link que segue:

http://www.youtube.com/watch?v=xB7pQpNx-F4&feature=related

Ou veja por aqui mesmo, clicando no box abaixo:

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Ecologia do Rio Paraná

Na porção do estado do Paraná separada do estado do Mato Grosso do Sul encontramos um dos maiores rios em extensão nessa porção da América Latina: o rio Paraná (figura 1). Seguindo o curso do rio vamos encontrar no lado paranaense as cidades de Porto Rico e São Pedro, onde concentraremos os dados aqui informados. Nessa região encontramos uma ampla área utilizada por fazendeiros e ribeirinhos, mas que constitui uma Área de Preservação Ambiental (APA), onde existem grandes divergências pelo domínio da terra e conservação da biodiversidade.
Uma planície alagável é uma região onde o regime de cheias do rio, provocado pelas chuvas que aumentam o nível da água do corpo d'-água e os limites do período de seca na planície, geralmente ocupado por gramíneas e pequenos arbustos, e essa água toda extravasa para as margens e toda a planície fica coberta por alguns meses, até que as águas baixem e a vegetação ocupe novamente essa região.
No alto rio Paraná identificamos em um corte do terreno alguns limites originados em tempos geológicos anteriores, devido a deposição de sedimentos sobre o arenito (Arenito Caiuá). O movimento de intrusão do rio se dá no sentido MS-PR, ou seja, o mesmo movimento de deposição de materiais no passado continua a ocorrer no presente, ocorrendo um desgaste do paredão no lado paranaense e uma lixiviação desse material que se deposita na outra margem do rio. Se observa que ao longo dos últimos dez anos de pesquisa, os degraus existentes no curso do rio vem se mostrando de profundidades menores a cada amostragem e mensuração refeitas. Ao longo de alguns milhões de anos, o rio terá uma nova região de intrusão, cada vez mais para o interior do Paraná.
Esse movimento das águas é importantíssimo para a biodiversidade local e a renovação da biota ali existente. O subir e descer das águas determina a morte da vegetação e a migração das populações terrestres da área de várzea (que fica debaixo da água na cheia), garante a sobrevivência de grande número de espécies de peixes que desovam nesse período nas lagoas isoladas nas temporadas de águas baixas, que são unidas ao rio do período de cheiase a fertilidade do solo das margens da planície, composta por gramíneas, principalmente, sem grande quantidade de biomassa disponível para aumento da quantidade de matéria orgânica para formação de húmus.

Perfil do terreno e da vegetação da região

Na figura 2, observamos um corte transversal do terreno no sentido MS-PR. As áreas numeradas indicam o escalonamento existente no perfil, com as partes mais altas na periferia do lado matogrossense, na formação Taquaruçu, e no lado paranaense, onde o arenito Caiuá se deposita sobre o basalto. Em 1 predominam as formas arbóreas de palmeiras, que não formam um dossel contínuo. Encontramos principalmente (mas observe que nem todas as formas vegetativas aqui citadas sao palmeiras, dada a diversidade local) a embaúba, ingás e tucuns (palmeira espinhenta), estas últimas em campos abertos, formando touceiras.
Mais abaixo (em 2) predominam árvores intermediárias, de porte não menos vigoroso, mas que tendem a se aproximar das espécies com adaptações para o alagamento. Já em 3, na planície alagável, predominam as gramíneas e pequenos arbustos, geralmente Cyperaceae, pioneiras de colonização. Este último estrato é denominado ripário (todo tipo de forma vegetativa floral que se estabelece em torno de corpos d'-água). Outro tipo de vegetação ripária é a mata ciliar, que nesse ambiente tem como principais representantes a embaúba, adaptada à elevação do nível da água, os ingás, o amarelinho (estes dois últimos Leguminoseae), lianas, que são muito freqüentes em ambientes alagáveis ou perturbados, e epífitas, principalmente as do grupo das bromélias. Aparecem limoeiros e mangueiras, espécies introduzidas na passagem dos jesuítas pela região.
A porção 4 é o rio Paraná. Sua extensão é cortada por ilhas, o que o faz um rio anastomosado tendendo a entrelaçado. São observadas manchas de macrófitas (plantas aquáticas) de diversas espécies e com diferentes adaptações: Cabomba, completamente submersa, Hydrilla, uma espécie asiática introduzida, Eichhornia, os conhecidos aguapés, Nymphaea, Salvinia, esta última completamente flutuante, com uma pequena porção de suas folhas modificadas para a retirada de nutrientes minerais da água.
Do lado paranaense, aparece a formação Caiuá. Se no Mato Grosso do Sul o predomínio vegetativo é da floresta semidecidual aluvial, com adaptações para a cheia do rio Paraná sobre a formaçaõ Caiuá no Paraná predomina a floresta estacional semidecidual, com árvores mais baixas em relação às demais existentes na periferia da formação. Formam um dossel espesso e a vegetação é bastante umbrófila, dada a dificuldade de penetração dos raios solares através do dossel. Perobas, ingas, genipapos, formigueiros, mirtáceas, rubiáceas, leguminosas são espécies tipo encontradas. As figueiras alcançam o alto do dossel, e suas raízes tabulares formam um entrelaçado que dá a impressão de serem um único indivíduo reproduzido por rizomas.

A fauna da planície

Para quem se detém a observar os sons da mata vai perceber que os animais nela existentes são em número muito grande. Comecemos pelos habitantes das águas do rio Paraná, que habitam desde a profundidade do rio por toda sua extensão, até as lagoas que formam os corpos d´-água no interior das ilhas, ou ladeando os diques marginais, onde a floresta é abundante. Comunidades tem proteção, abrigo e alimentos oferecidos pelo emaranhado de macráfitas que ocupam o rio, formando manchas, e criando um ambiente ideal para a sobrevivência dos peixes. Agostinho et al (2004) apontam a existência de 176 espécies registradas de peixes, dos quais se destacam curimbas, dourados, pintados, piracanjuba, 2 espécies de piranhas, piau.
Diversas espécies de anfíbios, répteis, aves e mamíferos são divisados na mata. Encontram-se 58 famílias de pássaros, 60 espécies de vertebrados, estes últimos categorizados em 25 famílias, uma série de nematóides, gastrópodes e ostrácodas. Nos afluentes do Paraná, como no rio Baía, com suas águas negras, espécies de raias de água doce podem ser vistas em banhos de sol, enquanto se navega em direcao ao MS. Já na mata, são registrados o aparecimento de onças, cachorros-do-mato, tapires, veados mateiros e os conhecidos porcos-do-mato, que atacam sempre em bandos.

O rio Paraná

O rio Paraná tem uma extensão de aproximadamente 4000 Km (a literatura fala em 3998 Km). É o nono rio em extensão mundial, muito próximo de rios como o Mississipi, na América do Norte, e o Ganges, asiático. Em sua foz são liberados aproximadamente 16.000 m³ a cada segundo. Se considerarmos que uma pessoa leve 5 segundos para um reflexo respiratório total (inspiração e expiração), a cada vez que essa pessoa respira, 800.000 litros de água são liberados pelo rio Paraná. O pôr-do-sol na cidade de Porto Rico leva quase cinco minutos para ocorrer totalmente (o sol leva 5 minutos para desaparecer no horizonte, quando já está baixo). Se você estiver parado em frente ao rio para observar esse fenômeno belíssimo oferecido pela gratuidade da natureza, provavelmente terão passado por você 48 milhões de litros de água, que chegarão ao oceano Atlântico na desembocadura na Argentina, muito além do Uruguai.
De área navegável temos aproximadamente 1.740 km (43,52%). A totalidade da extensão está impedida por barragens, como a de Porto Primavera, no estado de SP, e Itaipu, no PR. A pesca ocorre em diversas localidades, e o lazer é ofertado por diversas empresas que prestam serviço de canoagem, turismo e mergulho.

Os impactos ambientais

De longe as construções de barragens são o maior causador de degradação para essa região. Esses reservatórios impedem que a vazão natural seja mantida, diminuindo seu fluxo em até 70% [para qualquer curso d´-água, segundo Tundisi, (2003)]. As chamadas escadas de peixes são um segundo obstáculo, acoplado às barragens, criadas para que os peixes migradores possam subir sem atravessar a barragem pelo centro e possam desovar nas lagoas ao longo do curso dos rios; isso nem sempre acontece. Com o impedimento da vazão natural, as cheias que promovem a renovação da biodiversidade e a reprodução de várias espécies não ocorre de forma natural. Os reservatórios podem ter as comportas fechadas se o nível da água estiver baixo e serem abertas se os níveis forem altos. Para os peixes migradores, que acompanham a correnteza rio acima, e que desovam nas lagoas, muitas vezes essa mudança nos níveis das águas impedem a desova, ou o desenvolvimento da prole, ou mesmo seu retorno (como o dos pais) rio abaixo. A mortalidade é muito alta nesses casos.
As áreas utilizadas no cultivo e para pastagens são um terceiro fator de impacto. A mata é muitas vezes dizimada para a abertura de campos de pastagens, o uso de fertilizantes e pesticidas acaba por poluir as águas e contribui com a morte de diversas espécies de peixes e com o processo de eutrofização, pelo aumento da quantidade de matéria orgânica disponível para as macrófitas. Com a dificuldade de penetração da luz solar no corpo d´-agua, a fotossíntese nas plantas submersas se torna improvável, os peixes e organismos aquáticos não têm de onde obter oxigênio e acabam morrendo.
Como as áreas de campos no primeiro domínio da planície é coberto por gramíneas e pequenos arbustos, e como as demais áreas são cobertas por vegetação espessa, não é raro a ocorrência de queimadas devidas a diversos fatores. No período de vazante do rio, em que as cheias já regrediram e o nível do rio permanece por vários meses baixo, não há limitantes na contenção de qualquer rastro de fogo que se alastre por pequena parcela da vegetação. Os estragos são sempre muito grandes.

É nosso, então vamos cuidar

Já parou para pensar em como você perde horas cuidando do que é seu? A natureza é uma parte dessa ecologia. A ecologia que vem da "casa" grega, uma casa que inspira cuidados e proteção para se manter para as gerações que virão. Cuide do que é seu!

Referências

AGOSTINHO, A. A; THOMAZ, S. M.; GOMES, L. C. Threats for biodiversity in the floodplain of the Upper Paraná River: effects of hydrological regulation by dams. Ecohydrol and Hydrobiol v. 4, n. 3, 267-280, 2004

TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escassez. Sao Carlos: RiMa, IIE, 2003.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Depois da tempestade, a bonança!


Nessa manhã de 23-04-2008, gotas marejavam as folhas das plantas (foto), o chão, o teto e vidro dos carros, o telhado das casas. orvalho, o nome desse fenômeno, e é lindo de se ver.
Em Maringá, na última segunda-feira, uma chuva de granizo na cidade levou a população ao delírio e ao desgosto. Embora o espetáculo seja belo, os resultados de sua passagem podem ser terríveis. E foram, de fato. Ruas e casas ainda mostram os estragos causados pela tempestade.
O orvalho ocorre quando a umidade (que tem de estar bastante alta, com o ar saturado de água) se condensa (assim como nas nuvens) quando em contato com superfícies frias. Isso forma gotas, que podem ser pequenas ou grandes, dependendo da quantidade de água que estava no ar.
Esse orvalho, diferentemente do granizo, só é prejudicial quando a superfície, de tão fria, congela as gotas, dando origem ao fenômeno da geada, que é um capítulo a parte.
Espetáculo bonito, o nascer do sol dá tons ainda mais vigorosos, iluminando as gotas que se desprendem e molham o chão. Vislumbre você também.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Cuidado com as medidas

Anunciada essa semana a liberação de medicamento (Rimonabanto®) para redução de gorduras, principalmente as abdominais, e já começam as generalizações que deixam a cabeça das pessoas confusas. O anúncio foi dado no domingo, em rede nacional em TV aberta, durante programa de reportagens, mas algumas considerações merecem destaque.
Algumas regiões do corpo desempenham função importante para a manutenção de sistemas fisiológicos integrados. A função reprodutiva, por exemplo, e entendamos reprodutiva como o fato de a pessoa ter condições de produzir gametas ( espermatozóides ou óvulos ) viáveis, capazes de gerar um novo ser, ou seja, nada tem que ver com a virilidade (que é o fato de a pessoa se estimular para a atividade sexual - ereção peniana ou lubrificação vaginal).
O tecido adiposo é um dos tecidos responsáveis por essa capacidade reprodutiva (não-sexual). Certas porções são responsáveis por permitir a produção dos gametas. Acontece que em excesso, esse mesmo tecido deixa de ser importante e passa a ser prejudicial, indicando que algo não vai bem no organismo. Até aí a reportagem foi boa. Mas a partir daí começam os entraves: como cada pessoa tem um metabolismo diferente, responde a variações corporais de maneira diferente também. As medidas para homens e mulheres anunciadas eram de 80 cm para mulheres e 90 cm para homens. Contudo isso não se aplica. Essas medidas vão variar com o aspecto de acúmulo de gorduras daquele organismo em particular; assim, haverá pessoas com 70 cm de circunferência abdominal - esse é o nome dessa medida - que mesmo sendo homem, estará com excesso característico de gorduras, embora não esteja enquadrado nas medidas gerais citadas na reportagem. Disso vão depender seu peso e sua altura, seu porte ósseo, seu metabolismo energético, entre tantos fatores.
Vamos agora ao medicamento: apresentado como responsável por ação no cérebro, em região de controle da fome, e no tecido adiposo diretamente, o remédio promete o milagre desejado por muitos. Acontece que centro de controle da fome no cérebro é uma região muito rica em várias funções, aumentando ou diminuindo o apetite de acordo com respostas vindas do estômago, do tecido adiposo, do intestino, e do momento de atividade física moderado ou intenso. São várias regiões que respondem diferentemente de acordo com o estímulo recebido, e para cada região, um estímulo e uma resposta. Acontece que acostumar estas regiões aos estímulos que deveriam estar recebendo mas não estão sendo de fato proporcionados (saciedade sem ter alimento no estômago, por exemplo), pode levar a problemas futuros implicados no fato de estimular em demasia essas regiões. Portanto, cuidado! Melhor mesmo é uma dieta equilibrada e exercícios físicos moderados, que demoram a dar resultados, mas que surpreendem para uma vida toda.
E se gordura causa impotência? Aí entramos na questão sexual (ereção e lubrificação dos órgãos genitais). Os estudos mostram que sim. Os hormônios sexuais (estrógenos, progesterona e testosterona são derivados do colesterol, que fica muito alterado em pessoas com grande massa de gordura. isso pode levar a uma deficiência na produção desses hormônios, pois em nosso organismo, os excessos são tratados com resistência: esse conceito é um pouco difícil, mas vou defini-lo assim - quando qualquer substância, mesmo as produzidas pelo próprio organismo são excessivas, o organismo cria um bloqueio a essa substância para não se prejudicar (pense numa mangueira soltando água em sua boca e você não pode engolir a água toda que sai por ela; chega uma hora que ou você abre a boca e deixa a água sair, ou você vai estufar as bochechas até que elas se rasguem). Essas substâncias então deixam de ser ben~eficas e se tornam prejudiciais, e não mais cumprem com suas funções, pois o organismo se defende delas. Logo, a função sexual vai ficar prejudicada.
Não acredite em tudo que você ouve, lembre-se sempre. Questione-se e reaja com críticas. Duvide e explore o melhor da ciência. eu ajudo a levantar os questionamentos, você faz a sua parte.

Chuva de granizo

Na última segunda feira, feriado de Tiradentes (21-04-2008), aqui na cidade de Maringá, um fenômeno climatológico deixou a população em situação bastante difícil: chuva de granizo. Muitas casas foram destelhadas e a defesa civil montou potos para entrega de lona para cobrir as casas, com ajuda vinda inclusive da região metropolitana de Londrina.
O granizo ocorre quando uma frente fria chega muito rápido e as gotas em suspensão na atmosferam não apenas condesnsam, mas congelam. O tamanho das "pedras" depende da temperatura da frente fria. Quanto mais fria a frente, maiores as quantidades de gotas que se congelam, e maiores os aglomerados, que descem com grande força e "arrasam quarteirões".
Em Maringá, as ruas foram tomadas pelas folhas e galhos arrancados com a força das batidas do gelo nas árvores. As ruas ficaram perigosas para a passagem dos carros, o gelo se acumulou em várias partes e muitos estabelecimentos comerciais foram danificados. Os telejornais mostraram na íntegra o abalo provocado, já que por força disso, a Corrida Tiradentes, conhecida em todo o Brasil por conta da participação de muitos corredores importantes, como o premiado Vanderlei Cordeiro de Lima, 39 (que participou de edições anteriores da prova, mas não se inscreveu no ano de 2008), não ocorreu.
As fotos abaixo foram tiradas na Universidade Estadual de Maringá, com uma câmera de celular. Vejam que o espetáculo é até belo, antes de se tornar assombroso.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ciências Integradas

Muitas pessoas desconhecem as várias áreas diferentes em que certos profissionais podem atuar. Isso se deve ao fato de que as áreas não estão restritas dentro de limites "seletivos", somente está subjugada a limites críticos, que determinam a força que a profissão tem em diferentes vertentes do mercado de trabalho.
Como exemplo vou usar o caso da profissão que eu exerço. Sou biólogo. Um biólogo popularmente se torna conhecido pelo sentido de conservação da vida e pela crítica que reflete sobre os meios de produção e consumo contemporâneos. Sempre que se fala em aquecimento global e espécies em (via de) extinção, somos logo afamados: os ecochatos.
Porém o trabalho sugerido pelo radical grego (bio=vida; logos=discurso, estudo) de cerceamento da vida (esse envolvimento da profissão biólogo com a vida em suas mais diversas formas) não se restringe ao fato de dar nome aos seres (não me perguntem o nome de uma árvore qualquer de uma rua qualquer que eu certamente não vou saber dizer o nome daquela espécie; o mesmo para qualquer animal nas ruas), nem ao trabalho com microrganismos e conservação de ambientes. Um biólogo é mais que um desbravador de matas e semeador de placas de Petri (um dos materiais usados em laboratório).
Você que tem acompanhado o caso Isabella, de SP, certamente leu ou ouviu que foram encontradas gotas de sangue pelo apartamento onde residiam as pessoas envolvidas com o crime. Esse material foi recolhido e levado para análise, para saber de quem era aquele sangue (?). Pois bem, esse trabalho faz parte dos atributos da profissão do biólogo. Toda a cariotipagem é feita por um geneticista, que agrupa e relaciona os genes da amostra de sangue com os da vítima, dos parentes, genes de terceiros. Nesse caso temos o desenrolar de uma técnica chamada de DNA forense, de foro = ligado a lei.
Caso houvessem sido encontrados sementes, folhas, restos de capim, qualquer resquício de vegetais, outra área de atuação do biólogo seria recrutada certamente: a botânica forense. Já se fossem pêlos de animais, restos de unhas, cascos, vestígios de animais, a área seria a zoologia forense. Se insetos, entomologia forense. Enfim, um sem-número de atividades registradas e pertinentes ao trabalho do biólogo.
Certamente que isso abre um leque para que você reflita sobre sua própria profissão. Você trabalha com ciência, está envolvido com pesquisas, ou com áreas relacionadas? Pesquise. Busque saber até onde sua profissão pode ser mais do que as pessoas imaginam. De repente você descobre que pode ter um mundo de oportunidades a sua frente, aproveite!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Novidade no tratamento para diabéticos


Para você que é diabético tipo 2, a Universidade de Brasília estuda as propriedades de uma planta (do gênero Bauhinia), conhecida popularmente como pata-de-vaca, pelo formato de suas folhas (ver foto ao lado).
A pesquisa realizada na UnB mostra que certas substâncias que a planta é capaz de produzir se ligam no núcleo das células B pancreáticas e auxiliam na síntese e liberação da insulina, o hormônio responsável pela manutenção dos níveis de "açúcares" no sangue.
É importante frisar alguns pontos: essa pesquisa foi divulgada hoje em TV aberta, em jornal diário das 13h15min. Não significa, porém, que qualquer pessoa com diabetes deve deixar de tomar seus medicamentos, esses prescritos pelos médicos, por conta de alívios nos níveis de glicose sangüínea. Além de não deixar os remédios de lado, cautela é sempre importante: seu organismo não estava acostumado a essas substâncias em grandes quantidades, pedindo o bom-senso que sejam tomadas quantidades pequenas para adaptação do próprio sistema funcional do corpo à nova condição homeopática.
E diabéticos tipo 1 ATENÇÃO!!!! Para você que é diabético do tipo 1, insulino dependente, essa planta não vai servir de nada. Ela só é válida para aquelas pessoas que ainda conseguem sintetizar alguma insulina nas células pancreáticas, o que não ocorre com os diabéticos tipo 1, cujo sistema imunológico se encarrega de destruir esse tecido produtor do hormônio. Como a pata de vaca é uma uxiliar no tratamento, intensificando a produção de insulina e não fazendo o "milagre" da sua síntese por uma célula morta, não se engane. De nada adianta você se aventurar, pois será um fracaso (na certa)!
As pesquisas provavelmente devem mostrar a eficiência dessa planta no tratamento dessa síndrome. Vamos acompanhar.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Câncer e seus (des)caminhos

Ainda não se pode dizer ao certo quais sejam os caminhos que levam ao desenvolvimento de um tumor. Sabemos, por exemplo, que há muito de genético no processo de aparecimento de um tumor, mas fatores ambientais como estilo de vida e alimentação podem, e certamente estão, envolvidos.
Na publicação dessa semana da Nature encontra-se uma matéria sobre três diferentes pesquisas desenvolvidas por grupos de cientistas que buscam identificar as causas do surgimento de cânceres em humanos. Vale a pensa conferir: